domingo, 29 de março de 2009

Paulista 16 anos

Saudações!

Essa postagem é para contar um pouco o que aconteceu no Campeonato Paulista sub 16 em Catanduva nos dias 14 e 15 de março. A postagem será feita como sempre, com nada de útil, uma verdadeira literatura de banheiro!

E já começo reclamando! Quem já jogou esse tipo de torneio sabe o número de taxas que um atleta tem que pagar. A primeira é a taxa da CBX que para um jogador menor de 18 anos é até leve, 20 reais. A segunda é a taxa jogador avulso da FPX, essa dói na alma, 90 reais! E para finalizar a inscrição no torneio, 30 reais. Ou seja, antes mesmo das peças começarem a serem penduradas, cada atleta tem que desembolsar 140 reais! Um pouco salgado, creio que isso inviabiliza que vários atletas participem desse tipo de torneio. Eu sei que a taxa avulso pode não ser paga caso o atleta tenha vínculo com algum clube filiado a federação, mas a filiação se não me engano é em torno de 1000 reais...

Para esse torneio eu decidi que levaria dois dos meus alunos, Raíssa Ogashawara e Lucas Parras (o “nome” dele na verdade é “bixo”, escrito errado mesmo). A Raíssa tentaria reverter à má impressão deixada no paulista do ano anterior, onde ela terminou em último lugar com 0 pontos em 4 partidas. Já o bixo jogaria o primeiro torneio pensado da vida dele e em uma categoria acima (ele completou 14 anos esse ano), ou seja, as expectativas em cima dele eram apenas de participação, o que viesse era lucro.

Eu não poderia deixar de mencionar que o Bruno Rogani foi com a gente também, exercendo a função de “técnico do bixo” enquanto eu era o técnico da Raíssa. Na verdade o Rogani foi fotógrafo, narrador de lances e segundo ele próprio aquele que animava o pessoal. A minha parte era preparar os dois de alguma forma e manter os dois nos trilhos em caso de derrota. Obviamente as preparações que eu fazia davam errado, afinal eu não acerto nem pra mim, então podemos dizer que minha função era manter os dois nos trilhos.


Só alegria

Quanto à viagem, fomos de carro, o que com certeza é suficiente para emoções. O que acontecia no carro pode ser resumidamente descrito assim: Eu não sabia o caminho e tentava não matar ninguém, o Rogani cantava as músicas, o bixo se empolgava quando tocava Red Hot e reclamava quanto parava e a Raíssa tentava dormir e olhava o mapa da cidade.

Ao chegarmos na cidade a Raíssa me disse que teríamos que pegar a avenida Brasil e passar literalmente por todo o Brasil tinha rua com nome de tudo quanto é estado e cidade. Não encontrei a Rua Rolândia, mas em uma das várias vezes que me perdi eu encontrei a Rua São Carlos! Apesar dos contratempos, conseguimos chegar ao local de jogos, o SESC de Catanduva e após confirmarmos as inscrições esperamos ansiosamente pelo início da competição.

Na primeira rodada, para meu alívio, a Raíssa enfrentou uma enxadrista iniciante que tentou e deu pastorzinho. O problema é que a Raíssa tinha jogado e6 e ai o “forte lance” Dxf7 xeque é respondido com o simples Rxf7. Já o bixo enfrentou um rapaz que deu um golpe furado na abertura onde ele perdia uma peça. Após algumas emoções e cálculo apurado o bixo venceu e soltou uma de suas frases ao comentar sobre a partida:


Ops o peão ja estava em e6!

- Eu tava muito entrosado no jogo(?!?!)
Eu perguntei:
-Bixo, não seria muito concentrado no jogo?

Ele meio que concordou, meio que não concordou...Não vou discutir com a juventude, se ele quer ficar entrosado com o jogo deixa ele oras!


O entrosado bixo!

Um belo começo de torneio! Fomos atrás de um hotel aproveitando o intervalo para almoço e no caminho nos perdemos novamente. Depois de conhecer a fundo Catanduva conseguimos encontrar o hotel, que apesar de uma fachada do tipo porta de cadeia, era bom! Ao chegarmos ao quarto a Raíssa ficou com um quartinho separado com duas camas e eu mostrando quem manda (haha) fiquei com a cama de casal, 5 travesseiros e um trilhão de ácaros. Sobrou pro bixo e pro Rogani as camas de solteiro. Minha situação era triste, eu olhava para um lado e via o bixo com sua fisionomia característica e quando olhava pro outro eu via o Rogani. Triste, muito triste!

Almoçamos no único restaurante que encontramos e também provavelmente um dos mais caros e fomos para a rodada seguinte.

A Raíssa enfrentou a menina que mais tarde se tornaria a campeã do torneio, após uma surpresa na abertura, a Raíssa provocou o caos no tabuleiro e ganhou 2 peões, mas a sua adversária tinha alguma compensação. Cada lance chegava a mim via Rogani, porque ele é o “conhecidão” e pode ficar andando pelo salão. Ele andou o torneio inteiro entre as mesas e ninguém falou nada! Aposto se fosse eu não ia dar dois minutos e já iam me mandar passear em outro lugar. O Rogani olhava a partida e me falava o que havia sido jogado, eu tentava me achar na bagunça do tabuleiro e a gente acabava concluindo qual o melhor lance. A Raíssa acertou a maior parte dos lances, mas ela errou um, e apenas um. O problema é que era uma ameaça de mate que ela não viu em um, apenas um. Isso é o tipo de coisa que não pode acontecer, mas acontece às vezes, já aconteceu, por exemplo, com o Kramnik! Claro sem comparações foi só um exemplo.

Já o bixo enfrentou uma linha que ele não conhecia, eu não conhecia direito e o Rogani também não. Ele saiu da abertura com um peão a menos e nenhuma compensação. Fumo!
Apenas como observação, acho que o bixo ainda não sabe a linha, o Rogani também não, e eu não tenho o mínimo interesse em saber, ou seja, perderíamos de novo igualzinho!

A terceira rodada vinha logo em seguida e a receita para essa partida era simples: não desanimar. Já no começo eu vi que a Raíssa enfrentava surpresas na abertura e pra não ter um treco torcendo pros dois, fui torcer pro Palmeiras que enfrentaria o Barueri pelo paulista.

Após duas horas vencemos todos! O Palmeiras sem muita dificuldade fez 3 a 0, o bixo com alguma dificuldade fez 1 a 0 . Já a Raíssa com muita dificuldade e paciência (ou seria tortura?!) em um final empatado de torre e 4 peões contra torre e 3 peões sendo que um dos peões da Raíssa estava dobrado, conseguiu vencer também.

O saldo do dia era animador, hora então de voltar pro hotel e descansar um pouco depois de 3 rodadas. Demos uma rápida passadinha no mercado para abastecer a geladeira e lá não sei porque, mas o Rogani e o bixo fizeram questão de subir a escada rolante por onde desce e descer por onde sobe. Vai entender...

Nos arrumamos para sair e comer algo e eu como de costume me vesti bem, pegando as duas primeiras peças de roupa que apareceram na minha frente. A Raíssa ao ver o resultado da obra olhou com cara feia e falou:

- Marcel troca!

Daí ela deu a explicação, algo do tipo gola em V é mais formal e não é pra usar com o tipo de shorts que eu estava e concluiu dizendo que a equipe masculina precisava de alguém para nos dizer como se vestir (Exclama!). Fica a pergunta os enxadristas se vestem mal? A Raíssa pelo jeito já afirmou que sim e eu fui a prova viva e incontestável... Um breve momento fashion com a consultora de moda Raíssa Kalil haha.


Troca!

Para terminar o dia alguns pings no hotel. Nesses o Rogani fez a festa batendo em todo mundo. Deveríamos preparar algo pro dia seguinte, mas a Raíssa estava cansada e o resto só queria pingar. Perto da meia noite demos aquela olhada de 5 minutos em uma abertura pro bixo e pronto, preparado!


Vai entender essa foto!

No dia seguinte nossa “boa” preparação foi recompensada, o bixo acertou os lances da abertura, mas o seu adversário sabia uns planos diferentes e veio mais um fumo. Já a Raíssa jogou bem, mas não conseguiu converter uma pequena vantagem que tinha e acabou empatando.
Outra observação: O bixo continua sem saber a linha, eu continuo sem saber a linha e acho que o treinador do bixo sabe qual foi a linha! Com uma comissão técnica dessas o bixo vai longe! haha

Para a quinta rodada só a vitória interessava pros dois. O bixo não tomou conhecimento de seu adversário e venceu. Já a Raíssa teve um “curto circuito” e perdeu rápido. Mais uma derrota estranha.

Para a última rodada o importante para o bixo era vencer e ficar entre os 15 talvez, já a Raíssa precisava vencer para tentar um lugar entre as 10. O bixo lutou muito mas perdeu, já a Raíssa jogou bem e venceu. Enquanto eu ficava na torcida para ver se ela ficaria entre as 10, a Raíssa era puro pessimismo querendo inclusive ir embora mais cedo. Eu insisti em ficar, mas infelizmente a sorte não estava ao nosso lado e ela acabou em 11, com meio ponto a menos em algum dos desempates.

Na volta, me perdi novamente pela milésima vez. Para corrigir a rota eu sempre consultava o GPS bixo, mas que depois fiquei sabendo que ele era um impostor quem olhava o mapa era a Raíssa! Depois de acharmos um caminho para São Carlos, ficamos cerca de uma hora tentando saber se era o caminho certo, o Rogani olhou o mapa e falou que estava errado, eu não tinha idéia e o bixo falava a toda hora apenas uma frase (com o sotaque dele).

- Ta certo.

E estava mesmo..

Como balanço do torneio, creio que o saldo foi positivo. O bixo fez um belo torneio (3 em 6), afinal foi o primeiro paulista dele e em uma categoria acima. Já a Raíssa melhorou bastante, conseguiu fazer 3,5 em 6, uma grande evolução em relação ao ano anterior. Entretanto, ela ainda alterou bons e maus momentos e um pouco mais de experiência vai deixá-la mais equilibrada.

Quanto ao Rogani, se mostrou um ótimo fotógrafo, aliás a grande maioria das fotos são de autoria dele!

Quanto a mim, creio que serviu também de experiência. Eu sou jogador e venho tendo essa função de técnico mais recentemente. Erro todas as preparações, não tranqüilizo ninguém direito! Com certeza tenho muito a melhorar nessa área, mas eu vou aprendendo também, um dia todos nós chegamos lá!

Um abraço a todos
Marcel Utiyama

quarta-feira, 4 de março de 2009

Campeonato Paranaense Absoluto

Olá pessoal!

Foi realizada do dia 27 de janeiro a 01 de fevereiro a Final do Campeonato Paranaense Absoluto em Paranavaí. O evento contou com a presença de 44 jogadores de todo o estado. Os enxadristas foram classificados através de torneios classificatórios ao longo do ano. Também participaram atletas indicados pelos clubes filiados a Federação Paranaense de Xadrez (Fexpar) e enxadristas com rating fide superior a 2000 pontos.

Eu poderia participar do torneio devido ao rating superior a 2000, mas meu principal problema era como faltar uma semana no estágio? Que desculpa eu arrumaria?!

Enquanto eu pensava se tentaria a liberação ou se me conformaria em não ir, minha empresa me deu um belo presente: Férias coletivas! A segunda em menos de um mês! O motivo para isso é a crise mundial o que fez com que a produção caísse muito, e sem ter o que produzir... Férias!

Fiz uma breve parada em Rolândia para resolver um problema já citado nesse blog, o meu joelho! Alguém se lembra que o enxadrista aqui resolveu se aventurar nos gramados e acabou com o joelho machucado pouco antes do Torneio da Amizade em agosto do ano passado? E para piorar, quando achava que estava recuperado, machuquei o mesmo joelho novamente! Decidi ir então a um ortopedista que disse que eu provavelmente precisaria operar e que seria bom fazer uma ressonância. Moral da história; gastei com a consulta, gastei com a ressonância e provavelmente terei que gastar com a operação... Mas o que isso tem a ver com xadrez? Mais uma vez NADA!

Fui então para Paranavaí, cidade onde tinha boas e más recordações. As boas eram relativas ao paranaense sub 18 onde joguei muito bem e acabei em segundo lugar e as más ao Paranaense absoluto de 2007 onde joguei extremamente mal chegando a rocar grande (3 derrotas seguidas 0-0-0) e acabei dividindo uma bolada de 50 reais em 4!

Qual o resultado que eu esperava dessa vez?! Bom, confesso meu pensamento era um tanto quanto medroso, eu queria apenas não fazer feio.

E as rodadas foram passando e eu fui ganhando alguma confiança e ritmo, mas eu não conseguia engrenar ganhando algumas rodadas seguidas. Comecei bem, uma vitória, um empate e em seguida outra vitória. Quando pensava em emplacar vieram 3 empates seguidos, algo inédito para mim! Antes que me chamem de bundão, devo alertar que todos empates foram jogados!

O primeiro da série foi contra o campeão do torneio Jair Osipi. Eu joguei de brancas e em 18 lances chegamos a uma posição meio morta e acordamos o empate.

Já o segundo empate eu jogava de brancas contra o Fernando Constantino. Após ele jogar uma dragão e confundir as linhas, fiquei com dois tempos a mais! Após vários lances ruins toda a vantagem desapareceu e quando estava prestes a ficar pior meu adversário cometeu um sério erro e me concedeu um final ganho de 2 torres, bispo e peões contra dama e peões. Após trocar o bispo pela maioria de peões em uma das alas me sobraram “apenas” as duas torres e a ala da dama a mais (3 peões unidos), mas faltava comer um peão chato e assim que comi, dei a capivarada do torneio pendurando uma das torres. Para finalizar armei um jeito de prender o meu rei e levar perpétuo! Papelão versão 2009!

O terceiro empate foi artístico! Após a abertura a partida foi caminhando rapidamente para o empate. Pedi empate duas vezes e meu adversário Vitório Chemin recusou ambos. Fomos jogando até que me apurei no tempo e de alguma maneira consegui cair em um empate de bispo contra bispo e peão de torre de casa de coroação oposta ao bispo, no qual estava perdido! Mas no seguinte diagrama...



Meu adversário jogou Bg6? O qual eu respondi com Be6 e após o natural h7 joguei Bg8!




Que empata porque depois de coroar Dama eu disse no desespero:

-Afogou!
Teve até alguma risada do pessoal haha!



Após essa série de empates eu precisava desesperadamente de uma vitória porque empatar 3 seguidas me deixou a 1 ponto do líder e eu tinha ainda alguma esperança de brigar pelo título. Devo destacar que pouco antes da sétima rodada chegaram os meus “segundos” Ronaldo Borges e Thiago Almeida, os dois vieram de Opala da prefeitura de Rolândia! Um Opala quase não gasta gasolina mesmo né?! E pra piorar aquele esquema de porta que abre porta que não fecha... Uma beleza! Haha



Ronaldo e Amauri

Continuando o xadrez, eu enfrentaria meu amigo Ciro Pimenta pela sétima rodada. Consegui uma boa vantagem na abertura e venci finalmente!

Com mais uma vitória eu me credenciaria a ter chances de título e então pensava em jogar para ganhar de pretas. Meu adversário, Fabricio Greellmann tinha o mesmo número de pontos e também jogava para ganhar. Consegui igualar na abertura e o fato de os dois jogarem para ganhar acabou me favorecendo! Consegui vencer e cheguei para a última rodada a meio ponto do líder Jair Osipi e com o mesmo número de pontos do Ademar Neto, que enfrentaria o Jair.



Fabricio x Marcel... Tainan observando!




Na véspera da decisão, churrasquinho com todo o pessoal! Eu não queria muito ir não mas acabei indo e acreditem, só bebi refrigerante!


Para a minha decepção, eu dobrei cores e tive que enfrentar o Ernani Choma de pretas! Pensando em qual seria a melhor estratégia para a partida, dada a situação do torneio, eu decidi que precisava ganhar, pois havia chances de título e um empate seria insuficiente. Infelizmente a preparação não foi adequada, tomei uma livrada daquelas e perdi rapidamente. Na mesa 1 foi acordado empate e assim o Jair sagrou-se campeão! Com essa derrota eu despenquei do segundo lugar para o sexto.

Como considerações finais, quero dizer que gostei muito do modo como consegui conduzir o torneio, creio que joguei uma partida muito mal, o segundo empate da série, mas de maneira geral foi um xadrez consistente. Ter perdido a última rodada pode parecer muito desanimador, mas para ser sincero eu já estava satisfeito e por isso me animei a jogar uma linha mais arriscada. Talvez fosse melhor escolher uma linha mais sólida, mas é fácil para alguém abdicar de uma chance de título?

Para mim não foi, talvez com o tempo eu aprenda a ter mais juízo! haha

Abraços a todos que acompanham o blog, que torceram para mim e para todos que estiveram no Paranaense!
Marcel Utiyama