sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Etapa 21 minutos Max Euwe – Botucatu

Saudações!

No dia 23/08, fomos a Botucatu para mais um torneio 21 minutos. A seleta delegação de São Carlos contava com: Ana Laura, Bruno Animal, Gabriel Ogashawara, Lucas Bixo, Marcel Utiyama, Matheus Esteves e Mayra Campos. O Bruno Rogani já estava em Botucatu e nos encontrou lá no local de jogos.

A viagem foi longa para todo mundo, 2 horas e 30 minutos, menos para a Ana que dormiu desde que entrou na Van e só acordou em alguns momentos pra xingar os moleques.


Mals Ana, tive que colocar essa foto!

Chegamos a Botucatu e rodamos várias vezes para achar o restaurante que o Rogani havia passado para a gente. Nesse percurso só se escutava isso:

- Que cidade feia.
- Essa cidade é um lixo.
- Que muquifo.

Segundo o Rogani é porque a gente estava na parte feia da cidade...

Achamos o restaurante e dessa vez o Bruno Animal comeu até pouco, sendo que eu acabei sendo o “animal” do dia. O engraçado foi ver o Gabriel não alcançando a bancada de comida! Mas, mesmo assim, ele conseguiu se servir!

Chegamos ao local de jogos perto das 13:00 e um frio de rachar nos esperava. Após alguma espera, saiu o emparceiramento da primeira rodada, o qual não era nada bom para alguns dos são carlenses. A Mayra enfrentaria o MI Martinez, número 2 do torneio, e o Gabriel enfrentaria o Isaac Fieri número 5. A Mayra não teve chances contra o MI, mas o Gabriel jogou muito bem, conseguindo jogar de igual pra igual, perdendo apenas nos minutos finais.

Essa partida, aliás, causou algum alvoroço nos espectadores, alguns comentários do tipo:
“O moleque joga pra %$#&lho”, eram proferidos constantemente pela platéia.

Um dia depois, pedi para o Gabriel para ele me mostrar a partida e para a minha surpresa ele só lembrava até o lance 3!

Ainda nessa rodada, Ana, Matheus e Bruno Rogani perderam e Bruno Animal, Lucas Bixo e eu vencemos.

Na segunda rodada, todos estavam próximo de uma hipotermia! Apesar do frio, Bruno Rogani, Mayra e eu vencemos, sendo que os outros simplesmente congelaram.

Na terceira rodada, a Ana e o Gabriel finalmente descongelaram e venceram suas primeiras partidas. O Matheus continuava solidamente congelado e no seu primeiro torneio fez rocão (0-0-0). Quanto aos outros, o Rogani e o Lucas bixo venceram. O Bruno a Mayra e eu sucumbimos ao frio.

Na quarta rodada, quase todo mundo morreu de frio mesmo.
Bruno Rogani
Ana Laura
Lucas Parras
Matheus Esteves
Gabriel Ogashawara
Bruno Ogashawara
Isso parece lista de mortos! Haha
Os únicos que sobreviveram para contar a história foram o Bruno Animal, a Mayra e eu.

Na quinta rodada o Rogani, a Ana, o Lucas bixo, o Bruno animal e eu vencemos. A Mayra perdeu e o Matheus, após roçar grande, rocou pro outro lado (0-0-0 0-0) e o Gabriel empatou.

Na sexta rodada, o destaque vai para a vitória do Matheus! A primeira! De 0 não dá né, tem que passar embaixo da mesa! O Lucas bixo finalizou a séria gangorra de maneira brilhante (perde-ganha-perde-ganha-perde- GANHA). A Ana, a Mayra o Rogani e eu vencemos, o Gabriel empatou novamente, o Bruno animal e o bixo perderam.

Eu acabei em quarto lugar com 5 em 6. A Mayra terminou em terceiro lugar no feminino. O Rogani ficou em 2° lugar botucatuense, os outros definitivamente congelaram. Para não dizer que não falei das flores, as meninas (todas) não estavam muito inspiradas no dia não, a que ficou na primeira colocação fez 3 em 6 e confesso não ter visto nenhuma menina após a primeira rodada na metade de cima do torneio....treinar é bom viu meninas...

Após a premiação fomos comer pizza frita (isso Botucatu tem de bom!). O Lucas bixo, Matheus, Bruno Animal e Bruno Rogani mostraram toda a força que eles tinham no garfo. A Mayra e a Ana mostraram debilidades e não suportaram a pressão deixando metade cada uma. Eu mostrei fraqueza no final e deixei 1/8 da pizza.


Isso Botucatu tem de bom!

Após a comilança, embarcamos para a longa viagem de volta, que foi até silenciosa, praticamente todos dormindo.

Apenas uma foto final (essa tá melhor né Ana?!)


Abraços
Marcel Utiyama

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Continental - Final

Saudações!

Dando continuidade a esse imenso torneio, na sétima rodada eu enfrentaria o MF Álvaro Aranha. Já na abertura, me deparei com uma linha que não conhecia e após muitos lances ruins da minha parte, cai em uma posição deprimente. Consegui criar alguma complicação, mas o final de torres resultante era simplesmente perdido (3,5 em 7).

Após perder sem muita luta na sétima rodada, confesso que desanimei. Pra piorar, quando saiu o emparceiramento, vi que enfrentaria um MF peruano de 2340. No dia seguinte minha preparação foi quase nula, preferi apenas esfriar a cabeça.

Já na abertura ele jogou uma Sveschnikov que não era a abertura que ele mais utilizava. Consegui ganhar um peão rapidamente. Alguns lances depois minha posição era muito superior e consegui ganhar outro. Para complicar o jogo ele entregou mais um e eu aceitei. Com 3 peões a mais eu precisava apenas me defender de um ataque “fantasma” na ala do rei, acabei omitindo um sacrifício e fiquei perdido. Ele não jogou o correto Txb2 e entramos em um final de T peça e 2 peões pra cada lado. Ofereci empate e ele recusou. Após alguns lances, encontrei uma linha que ganhava um peão e após entrar no final de torre a posição era ganha, mas não joguei os mais precisos e caímos em uma final de torre e peão contra torre empatado! De livrinho mesmo. Tentei enrolar e deu certo. (4,5 em 8).

Para a nona rodada (meu Deus não acaba nunca?!) vi que enfrentaria o MF Wagner Guimarães. Essa rodada foi de manhã, após chegar tarde em casa e uma noite mal dormida, estava eu novamente jogando xadrez.

Ele jogou uma Alapin, sendo que apesar de minha posição após a abertura ser inferior, a posição era interessante. Entretanto, calculei mal uma variante e acabei omitindo um sacrifício de peão que me obrigava a entregar dama por torre e bispo. Pra piorar, joguei a pior linha e tive q abandonar de imediato (4,5 em 9).

À noite, enfrentei a WGM cubana Vivian Ramon. Após uma abertura tediosa, onde ela jogou o sistema Breyer na Ruy Lopez. Após uns 20 lances já havíamos trocado as duas torres e caímos em uma posição empatada, daquelas que o fritz avalia todas as linhas com 0,00, ou seja qualquer lance iguala e é necessário seguir duas regras a risca:
1- Não dormir.
2- Não se animar a ganhar.


Após muitos lances de peça pro lado, acabei infringindo a segunda regra, me animei a ganhar e acabei perdendo (4,5 em 10).

Para a última rodada o objetivo de não jogar no “Inferno” foi atingido (e por apenas uma mesa, algo do tipo eu jogaria na mesa 83 que era a última da “lagoa”!). Eu jogava para não perder rating e para fazer pelo menos 50% dos pontos. Enfrentei o Bruno Morado e após a abertura consegui alguma vantagem, mas era insuficiente para ganhar. Após uma simplificação da posição, o empate se aproximava, mas ele entregou um peão (creio que ele achava que ia empatar mais rápido). Caímos em um final de Damas 4 contra 3 na ala do rei, onde após ele aceitar a troca de damas para estragar minha estrutura de peões, caiu em um final de rei e peões perdido. (5,5 em 11).

Apenas para não dizer que me esqueci deles, o Felipe acabou com 7,5 pontos e o Vivaldinho com 5.

Após terminar a partida, o Felipe, o Vivaldinho e eu ficamos socializando um bom tempo no CXSP. Dentro do “aquário” a coisa estava séria, pois pessoal estava lutando por vaga no mundial. O terceiro andar foi enchendo...enchendo...enchendo...foi ficando quente...quente...quente. Aquilo ali parecia mais o “Inferno” (obs. o segundo andar). Esse dia foi literalmente o dia que o inferno subiu o andar! Naquele calor, barulho, salão lotado, tenho certeza que a gripe suína circulava também! Apesar disso tudo, o Vivaldinho teimou que queria ficar na rodada até o fim e talvez ver o desempate de partidas rápidas. Depois de muita espera e insistência minha e do Felipe (que estávamos simplesmente de saco cheio de Xadrez), ele cedeu e fomos para a rodoviária na expectativa de pegar o ônibus das 20:20 para São Carlos. Chegamos meio correndo no terminal e vimos que não havia ônibus as 20:20 e o próximo seria apenas as 21:20. Já o Vivaldinho que achava que só havia ônibus depois das 22 horas pra Matão, constatou que havia um as 20:30 mais ou menos e conseguiu embarcar nele. Moral da história, não esperamos o final da rodada, não vimos os desempates, não conseguimos o ônibus das 20:20, chegamos de madrugada em São Carlos, o Vivaldinho que não queria ficar esperando sozinho na rodoviária não esperou e ainda conseguiu ônibus antes que a gente e o Felipe e eu esperamos o nosso...(hijo de &¨%$) haha.

Fatos:
1. O Fier tinha 5 em 5!
2. A Vanessa Feliciano fez um grande torneio com direito a norma de WMI.
3. O jovem Jorge Cori com 13 anos fez norma dupla de GM.
4. O grande Gabriel Name foi mal no torneio, mas continuava com toda a sua simpatia.
5. O mesmo Gabriel ao jogar contra o Vivaldinho em determinada posição ele disse: Aqui empatou! Não foi uma oferta, foi um decreto!
6. Nenhum caso de gripe suína foi registrado entre os participantes.
7. Apesar de ter sido noticiado no blog “Xadrezdepressão” eu não estava postando durante o torneio e quem entrou aqui para ler algo se decepcionou!
8. Aliás, fui cobrado pelo Marius Riemdiski sobre a cobertura do torneio! Ela veio com um pouco de atraso.
9. Não tenho uma mísera foto do evento e fiquei com vergonha de roubar dos outros sites.


Gostaria de mandar um abraço para todos que torceram por mim nesse torneio. Minha avaliação é de que apesar de não ter sido ruim, também não foi bom, sendo um torneio 50% mesmo, regular. Gostaria de agradecer a todos que acompanham o blog e em especial as seguintes pessoas: Mayra Campos, Denise Kakitani, Sarah Obadovski, Alpheu Tavares, Douglas Utiyama que me animaram antes das partidas e após as cacetadas. Gostaria de agradecer também ao Daniel Athanázio por me hospedar durante boa parte do torneio e ao Fernando Vivaldo por me hospedar no final de semana. Gostaria de mandar um abraço ao Felipe El Debs e Leonardo Vivaldo pelo companheirismo e amizade de longa data!

Meus cumprimentos estão cada vez maiores de duas uma: ou estou virando político ou estou ficando velho mesmo!

Abraços!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Continental

Saudações!

Durante os dias 25/07 a 02/08 foi realizado o torneio Continental no Clube de Xadrez de São Paulo(CXSP). O evento contou com a participação de cerca de 270 jogadores de todo o continente. Havia cerca de 30 GMs, uma cacetada de MIs e MFs além de vários jogadores fortes não titulados. Um evento desse nível não é pra capivaras como eu participar certo?!

Bem, eu não ia mesmo, mas na véspera começaram a fazer minha cabeça e acabei sucumbindo a tentação de jogar o maior torneio da história do Brasil. Como eu não havia me programado pra ir, não havia preparado nada específico, não tinha comprado passagem, não tinha arrumado lugar ...

Acabei perdendo a noite de sexta pra sábado para fazer tudo isso e descontei o sono durante a viagem até São Paulo. Chegando lá, após pagar a bagatela de 200 dólares de inscrição, que viraram 440 reais com o dólar a 2,20 (?!), encontrei o amigo Vivaldinho e fomos então a casa do Vivaldão, onde horas depois o Felipe chegou.

Nesse trio as expectativas eram bem distintas, o Felipe ia pra jogar bem, tentar uma eventual classificação, norma, coisas do tipo. Já o Vivaldinho e eu queríamos apenas não passar muita vergonha!

Chegando ao local de jogos, algumas piadinhas do tipo:
- Olha aquele cara com cara de capivara deve ter no mínimo 2500.
- Aquele lá é GM? Tem cara mais de plantador de batata (exclama).

Ficamos especulando a respeito de nossos adversários, a previsão para mim era de um GM 2600 e para o Vivaldinho um MI 2400 e foi exatamente o que ocorreu. Eu enfrentei o GM brasileiro Alexandr Fier e o Vivaldo enfrentou um 2400. Pelo menos de previsão a gente estava bem.

Sobre minha partida o comentário do Fier quando eu cheguei no tabuleiro diz tudo:
- Quatorze anos depois...

É, realmente fazia muito tempo que não nos enfrentávamos. Nosso primeiro confronto foi em 1995 em um paranaense de categorias (ele com 7 anos e eu com 9), sendo que jogamos outras 2 vezes em 1996 em um Brasileiro e no Pan americano.

Eu respondi que na verdade eram 10 anos, pois havíamos nos enfrentado em 1999 em um torneio comemorativo ao dia do enxadrista.

Após a sessão melancolia, vamos ao jogo.
A diferença de nível era muito grande (quase 500 pontos), o que fazer? Apenas jogar!
Jogamos uma posição teórica da Grunfeld, mas acabei entrando em uma linha onde não joguei o plano correto. Consegui encontrar um plano ativo, entretanto que dava ao Fier uma vantagem posicional considerável. Nas complicações do meio jogo sacrifiquei uma peça em d5 para recuperá-la em seguida, mas acabei omitindo que meu peão de f ficava cravado no final da linha e tive que entregar qualidade. Logo após tive a chance de cair em uma posição com peça e dois peões por torre, mas não vi. Arrumei uma defesa interessante, mas com a devolução da qualidade o final de torre e bispos de cores opostas já era melhor para o Fier e ele conseguiu vencer. Apesar da derrota, um bom começo. ( -1)


Fui parar no chessbase! Apanhando claro haha

Antes de continuar, devo avisá-los que não comentarei passo a passo todas as partidas, simplesmente porque foram 11 partidas e eu fico cansado só de pensar!

Após a rodada, fui pra casa do meu amigo Daniel Athanázio, que jogou comigo durante um bom tempo por Rolândia. A rotina era a seguinte acordava perto das 10 da manhã e ficava no msn, orkut, preparando algo, assistindo TV, cozinhando até cerca de 17 horas. Eu saía e ia para a casa do Vivaldão, onde eu via que o Felipe e o Vivaldinho estavam dando duro na preparação: o primeiro assistia a série The Big Bang Theory e o segundo fingia preparar algo, mas preferia reclamar da vida junto comigo. A gente ia jogar, depois eu voltava pra casa do Daniel, ele era o único acordado e a gente via a partida do dia, esperávamos o emparceiramento e no dia seguinte tudo a mesma coisa.

Legal pra quem joga xadrez... mas... muito cansativo! É muito tempo preparando, pensando no que jogar, partidas longas e muitas partidas. Outro detalhe curioso era o computador do Daniel. Ele morou durante bom tempo no Japão e trouxe o notebook de lá. O detalhe é que tudo é em japonês! Onde estava o meu computador? Como acessar o desktop? Meus documentos? Como desliga esse negócio? Haha. Depois de algum tempo consegui me adaptar, lembrando que apesar de eu ter descendência japonesa eu não sei ler uma linha sequer!

Já no segundo dia teve rodada dupla e eu já fui parar no “Inferno”. Para quem não conhece o CXSP, o prédio tem 4 andares. O terceiro e o quarto são do clube e quando tem torneio, o terceiro é destinado as primeiras mesas e é lá que tem a sala isolada com vidro chamada aquário, com ar condicionado, carpete e tudo mais. O quarto andar é carinhosamente chamado de “Lagoa”, sendo geralmente as últimas mesas, onde ficam as capivaras, patos, marrecos. Como o Continental tinha muitos participantes, foi necessário alugar o segundo andar sendo que foi esse onde ficaram as últimas mesas. Lá havia mais de um tabuleiro por mesa, pouquíssimo espaço para movimentação e para anotar as partidas, relógio mecânico e era um calor considerável, sendo que por isso foi apelidado nada carinhosamente de “Inferno”.

Ao jogar uma vez lá, minha meta pro torneio ficou estabelecida: Não jogar muito tempo no inferno, sendo que a última rodada não podia ser lá!

Voltando ao Xadrez, venci o Edmundo Aoyama em uma Pirc de manhã. Joguei uma linha que nem sei se existe e deve ser ruim, não consegui nenhuma vantagem, mas consegui vencer. A noite, perdi pro Guilherme Rezende em uma linha onde ele sacrificou um peão e obteve grande compensação(1 em 3).

Depois dessa derrota, eu pensava apenas em não perder no dia seguinte, e foi aí que dentre 270 jogadores apareceu na minha frente ninguém menos que Leonardo Vivaldo! Draw. (1,5 em 4)

Após 4 rodadas eu tinha 1,5, Vivaldinho também, o Felipe tinha a soma de nós dois e o primeiro colocado 4 pontos.

Para as duas rodadas seguintes meu pensamento era vencer. Consegui boa vitória contra José Arruda de pretas na quinta rodada. E vitória de brancas contra Guilherme Cirilo.(3,5 em 6).

Apenas para terminar essa primeira parte, algumas inutilidades. Como todos sabem, a gripe suína está por toda parte. Na época do torneio, era o auge da gripe. Nos metrôs, na rua e até no torneio era possível ver pessoas usando máscaras. Apesar do medo de pegar esse treco, não houve nenhum caso registrado pelo que eu sei.

Por enquanto é isso.
Abraços!
Obs: postagem apenas levemente atrasada...