segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Continental

Saudações!

Durante os dias 25/07 a 02/08 foi realizado o torneio Continental no Clube de Xadrez de São Paulo(CXSP). O evento contou com a participação de cerca de 270 jogadores de todo o continente. Havia cerca de 30 GMs, uma cacetada de MIs e MFs além de vários jogadores fortes não titulados. Um evento desse nível não é pra capivaras como eu participar certo?!

Bem, eu não ia mesmo, mas na véspera começaram a fazer minha cabeça e acabei sucumbindo a tentação de jogar o maior torneio da história do Brasil. Como eu não havia me programado pra ir, não havia preparado nada específico, não tinha comprado passagem, não tinha arrumado lugar ...

Acabei perdendo a noite de sexta pra sábado para fazer tudo isso e descontei o sono durante a viagem até São Paulo. Chegando lá, após pagar a bagatela de 200 dólares de inscrição, que viraram 440 reais com o dólar a 2,20 (?!), encontrei o amigo Vivaldinho e fomos então a casa do Vivaldão, onde horas depois o Felipe chegou.

Nesse trio as expectativas eram bem distintas, o Felipe ia pra jogar bem, tentar uma eventual classificação, norma, coisas do tipo. Já o Vivaldinho e eu queríamos apenas não passar muita vergonha!

Chegando ao local de jogos, algumas piadinhas do tipo:
- Olha aquele cara com cara de capivara deve ter no mínimo 2500.
- Aquele lá é GM? Tem cara mais de plantador de batata (exclama).

Ficamos especulando a respeito de nossos adversários, a previsão para mim era de um GM 2600 e para o Vivaldinho um MI 2400 e foi exatamente o que ocorreu. Eu enfrentei o GM brasileiro Alexandr Fier e o Vivaldo enfrentou um 2400. Pelo menos de previsão a gente estava bem.

Sobre minha partida o comentário do Fier quando eu cheguei no tabuleiro diz tudo:
- Quatorze anos depois...

É, realmente fazia muito tempo que não nos enfrentávamos. Nosso primeiro confronto foi em 1995 em um paranaense de categorias (ele com 7 anos e eu com 9), sendo que jogamos outras 2 vezes em 1996 em um Brasileiro e no Pan americano.

Eu respondi que na verdade eram 10 anos, pois havíamos nos enfrentado em 1999 em um torneio comemorativo ao dia do enxadrista.

Após a sessão melancolia, vamos ao jogo.
A diferença de nível era muito grande (quase 500 pontos), o que fazer? Apenas jogar!
Jogamos uma posição teórica da Grunfeld, mas acabei entrando em uma linha onde não joguei o plano correto. Consegui encontrar um plano ativo, entretanto que dava ao Fier uma vantagem posicional considerável. Nas complicações do meio jogo sacrifiquei uma peça em d5 para recuperá-la em seguida, mas acabei omitindo que meu peão de f ficava cravado no final da linha e tive que entregar qualidade. Logo após tive a chance de cair em uma posição com peça e dois peões por torre, mas não vi. Arrumei uma defesa interessante, mas com a devolução da qualidade o final de torre e bispos de cores opostas já era melhor para o Fier e ele conseguiu vencer. Apesar da derrota, um bom começo. ( -1)


Fui parar no chessbase! Apanhando claro haha

Antes de continuar, devo avisá-los que não comentarei passo a passo todas as partidas, simplesmente porque foram 11 partidas e eu fico cansado só de pensar!

Após a rodada, fui pra casa do meu amigo Daniel Athanázio, que jogou comigo durante um bom tempo por Rolândia. A rotina era a seguinte acordava perto das 10 da manhã e ficava no msn, orkut, preparando algo, assistindo TV, cozinhando até cerca de 17 horas. Eu saía e ia para a casa do Vivaldão, onde eu via que o Felipe e o Vivaldinho estavam dando duro na preparação: o primeiro assistia a série The Big Bang Theory e o segundo fingia preparar algo, mas preferia reclamar da vida junto comigo. A gente ia jogar, depois eu voltava pra casa do Daniel, ele era o único acordado e a gente via a partida do dia, esperávamos o emparceiramento e no dia seguinte tudo a mesma coisa.

Legal pra quem joga xadrez... mas... muito cansativo! É muito tempo preparando, pensando no que jogar, partidas longas e muitas partidas. Outro detalhe curioso era o computador do Daniel. Ele morou durante bom tempo no Japão e trouxe o notebook de lá. O detalhe é que tudo é em japonês! Onde estava o meu computador? Como acessar o desktop? Meus documentos? Como desliga esse negócio? Haha. Depois de algum tempo consegui me adaptar, lembrando que apesar de eu ter descendência japonesa eu não sei ler uma linha sequer!

Já no segundo dia teve rodada dupla e eu já fui parar no “Inferno”. Para quem não conhece o CXSP, o prédio tem 4 andares. O terceiro e o quarto são do clube e quando tem torneio, o terceiro é destinado as primeiras mesas e é lá que tem a sala isolada com vidro chamada aquário, com ar condicionado, carpete e tudo mais. O quarto andar é carinhosamente chamado de “Lagoa”, sendo geralmente as últimas mesas, onde ficam as capivaras, patos, marrecos. Como o Continental tinha muitos participantes, foi necessário alugar o segundo andar sendo que foi esse onde ficaram as últimas mesas. Lá havia mais de um tabuleiro por mesa, pouquíssimo espaço para movimentação e para anotar as partidas, relógio mecânico e era um calor considerável, sendo que por isso foi apelidado nada carinhosamente de “Inferno”.

Ao jogar uma vez lá, minha meta pro torneio ficou estabelecida: Não jogar muito tempo no inferno, sendo que a última rodada não podia ser lá!

Voltando ao Xadrez, venci o Edmundo Aoyama em uma Pirc de manhã. Joguei uma linha que nem sei se existe e deve ser ruim, não consegui nenhuma vantagem, mas consegui vencer. A noite, perdi pro Guilherme Rezende em uma linha onde ele sacrificou um peão e obteve grande compensação(1 em 3).

Depois dessa derrota, eu pensava apenas em não perder no dia seguinte, e foi aí que dentre 270 jogadores apareceu na minha frente ninguém menos que Leonardo Vivaldo! Draw. (1,5 em 4)

Após 4 rodadas eu tinha 1,5, Vivaldinho também, o Felipe tinha a soma de nós dois e o primeiro colocado 4 pontos.

Para as duas rodadas seguintes meu pensamento era vencer. Consegui boa vitória contra José Arruda de pretas na quinta rodada. E vitória de brancas contra Guilherme Cirilo.(3,5 em 6).

Apenas para terminar essa primeira parte, algumas inutilidades. Como todos sabem, a gripe suína está por toda parte. Na época do torneio, era o auge da gripe. Nos metrôs, na rua e até no torneio era possível ver pessoas usando máscaras. Apesar do medo de pegar esse treco, não houve nenhum caso registrado pelo que eu sei.

Por enquanto é isso.
Abraços!
Obs: postagem apenas levemente atrasada...

3 comentários:

Leonardo Vivaldo disse...

Mas é um "paiação" mesmo!

Entra no meu blog para falar que eu não atualizo (sendo que não só estava sendo atualizado como eu FAZIA um ABERTO DO BRASIL - MEU NOME É TRABALHO: veja a foto do perfil no orkut)e o cara ainda solta essa:

"Obs: postagem apenas levemente atrasada..."?!?!?!

E o melhor (ou pior) ainda não é o post inteiro!

FANFARRÃO!

hahahahahaha

Abraço!

Unknown disse...

Levemente atrasada??? Oq vai escrever qndo postar sobre o torneio em botucatu?? ¬¬
haha

Alfeu disse...

somente para saber ???

tudo isto aconteceu este ano 2011??? hehehehehehehehe
e a segunda parte deve sair ate o primeiro semestre de 2010;

hehehehehe